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Método de Escrita #4 - Os oito pontos de uma narrativa por Dan Harmon



Se você nunca ouviu falar em Rick e Morty, eu tenho duas coisas pra te dizer: a) em que mundo você vive???? e b) senta na cadeira e presta atenção, tá na hora de mais uma aula.


Dan Harmon é o consagrado roteirista da série animada Rick e Morty. Aquela mesma série que você confunde com Simpson, Futurama e Family Guy. Acontece que Rick e Morty está em um patamar beeem diferente. Vou explicar.


Os oito pontos de uma narrativa - ou o Círculo da História - de Dan é um compilado de outros métodos (tem Aristotélico, tem Jornada do Herói...) batidos e misturados em um liquificador bem potente. Ele tem um pé em outros métodos, mas o que chama atenção é a sua estrutura moldada para contar um episódio de 20 minutos. Ou menos.


E ele não tá de brincadeira. São oito passos contadinhos - dois minutos e meio por cena - que envolvem o telespectador e me deixam de queixo caído. Talvez essa última frase seja o meu coração de fã falando.


1/8. Apresentando nosso personagem em sua zona de conforto (mais uma vez).

Como você já deve ter bizoiado a imagem aí de cima, o ponto número 1 e o número 8 são iguais! Eu te explico: é uma série de comédia (embora alguns episódios criem um buraco no meu estômago). Isso significa dizer que - em Rick e Morty, em específico - os nossos personagens não precisam nos trazer lições de moral ou aprender novas perspectivas. Não. Coisas erradas acontecem e lide com isso. Me arrisco a dizer que podemos prolongar esse método para séries infantis, pense em Phineas e Ferb por um momento. Os planos malignos do Dophensmith dão certo? Não. A Candence consegue desmascarar os irmãos? Não. Os garotos decidem usar o dia para fazer mais do que uma brincadeira provisória e que se auto destrói sem deixar rastros? Também não. As coisas são como são e lide com isso.


Então é tipo Final Space? Um pouco sim e um pouco não. FS tem uma trama do episódio (a segundária) e a da temporada/série (primária). Em R&M a trama primária é jogada pro escanteio e a secundária recebe mais foco.


2. O desejo (seu protagonista quer/precisa fazer algo)

Diferente da Jornada do Herói, a movimentação pra fora do cotidiano ocorre porque eu quero e não porque um Yoda caiu de paraquedas na minha frente e disse que precisava me tornar o melhor Jedi. Esse desejo pode acontecer por uma chama de infância reacendida, uma vontade repentina porque viu uma propaganda na TV ou porque são três meses de férias que passam depressa, curtir é a prioridade...


3. Plano de ação.

"Para obter o que necessita ele parte numa viagem, real ou metafórica, que o faz atravessar algum tipo de passagem para um mundo especial", ou seja: vamos fazer besteirinha. Importa como? Não muito. Importa a seriedade do nosso desejo ou a caracterização do plano? Também não. É aquele plano bem chulezento mesmo, sem pé nem cabeça e que desafia as leis da física.


4. E agora?

De algum jeito o plano funcionou - e sem darmos atenção para os detalhes, temos que descobrir como sobreviver nessa dimensão cheia de monstros. Aqui vem construção do novo mundo, regras absurdas e vídeo-aulas sobre como não morrer. Essa, meu caro leitor, é a fase da adaptação.


5: Consegue o que queria,

A fase de adaptação anterior foi necessária para que o protagonista chegasse a esse momento. É nesse ponto em que ele encontra o que estava precisando ou procurando, mesmo que ainda não tenha consciência disso.


6: Paga um preço por isto,

Depois de ter se adaptado às novas circunstâncias, o protagonista passa por um novo tipo de provação, mas agora essa provação irá prepará-lo para sua apoteose, e também para o retorno ao seu mundo normal.


7: O Retorno.

Aqui estamos indo pro ponto de partida e refletindo. "Eu te odeio, Rick", "Eu te odeio, Morty" e por aí vai. Voltamos para o mundo antes da ideia de girico. Mudou alguma coisa ou será que nem sentiram nossa falta? Valeu a pena ter entrado em uma viagem espacial e lutado com uma raça alienígena por isso?


E o 8. você já conhece. É a primeira etapa all over again.




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