Métodos de Escrita #2 - Tempo, lugar e problema
- Skull Editora
- 18 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Uma conversa entre autores só pode resultar em troca de conhecimento, é a regra número um do Sindicato dos Melhores Autores do Universo. E as táticas e métodos de escrita variam de autor para autor. A melhor coisa que se pode fazer é estudar até encontrar sua fórmula como escritor, principalmente quando não chega na sua casa um manual de como ser escritor em tempos modernos segundos depois de ter dito pra sua mãe que queria viver de escrita - “Vai fazer o quê, menino?”
Gabriel Cordeiro é um dos meus colegas de profissão e um dos meus melhores amigos pra vida. Ele pode ter começado sua carreira com os romances de Sou Seu, mas é um verdadeiro assíduo pela natureza vampiresca e pelo gênero de terror - e com muito talento -, tendo publicado diversos contos com a temática aos montes na amazon. Pode anotar que Ordem dos Venatores vai ser outra explosão (fica de olho, hein?). A coluna sobre escrita de hoje é estrelada pela admirável presença de Cordeiro e seus dotes em Estruturação de Enredo.
Do que se trata (Tempo, lugar, problema)
Antes de começarmos a elaborar todo um personagem, devemos nos perguntar se sabemos o suficiente sobre nossa ideia. Somente assim, com alguma base, todo enredo poderá ser desenvolvido e o personagem será mais fácil de ser construído. A proposta desse tópico é resumir sua ideia, tornando-a prática, consistente e direta.
1. Tempo:
Neste tópico você, autor, deverá descrever sua ideia da maneira mais simples e resumida. Apenas como um ‘start’ ⏯ para toda a elaboração de roteiro. Comece pensando e colocando no papel o tempo em que sua história se passa. Ela é um romance de época? Se sim, em qual ano ou século ela acontece? É uma ideia contemporânea? Então como sabe disso?
2. Lugar: Sua ideia se passa em algum reino mágico? Qual o nome? Em alguma cidade existente ou fictícia? Se sim, qual? Determinar o lugar onde sua ideia se desenvolverá é como definir o Norte para sua narrativa. É de suma importância conhecer esse elemento como o acima. Determine o lugar escolhendo e desenvolvendo o ambiente em que sua história se passará.
Dica: Se estiver muito indeciso, é uma boa ideia girar um globo e escrever a história onde o dedo parar.
3. Problema: Finalmente chegamos na parte onde apresentamos o grande acontecimento da sua história. O motivo pelo qual você a teve e o que faz toda narrativa andar. O que acontecerá ao seu personagem para que ele se torne o protagonista da sua história? Ele é um pai que teve sua filha sequestrada? Uma princesa que precisa tomar o trono depois da morte dos Reis? O que de fato abala o mundo construído para que as coisas comecem a acontecer?
Ex.: Em 1857 (1), um charmoso aristocrata chega em uma sombria Londres (2) à procura de refazer laços após a morte de sua tão amada esposa. Viúvo e jovem, o homem de olhos violetas está decidido a recomeçar sua vida em uma nova sociedade repleta de belas mulheres. Porém, em encontros falhos, a jovem e misteriosa Anastácia cruza seu caminho disposta a desvendar todo seu passado (3). Entre sedução e segredos, conseguirá ele resistir as investidas da bela moça ou deverá revelar seu lado mais obscuro sorvendo a vitalidade de sua alma aparentemente pura?
Dica: Visualize esse exercício como uma sinopse de série ou filme da Netflix. Recomendo estudar o catálogo de filmes e ler os resumos do conteúdo disponível para ter uma noção melhor e maior.
Além de tudo - achou que seria fácil assim? Achou errado! -, saber sobre quem será o protagonista/protagonistas da sua história é fundamental. O nosso narrador é em primeira ou em segunda pessoa? A intenção é transmitir um papel em que os leitores se encaixem?
Sobre quem se trata (Personagem que comanda a história)
Esse tópico é o mais fácil e simples de toda estruturação. Aqui é onde começaremos a construir o seu personagem principal. Como um brainstorm, despeje nessa etapa tudo o que te vem à mente. Muitos autores criam toda uma história a partir da ideia de um único personagem. Outros abordam vários tipos de pessoas. Não se preocupe se suas ideias estarem desorganizadas. A intenção é limpar sua mente e reunir tudo que sabe até então sobre quem comandará a sua história, pois, a partir desse material, poderá desenvolver com profundidade tudo que precisa sobre ele para iniciar sua escrita.
Nome, aparência, roupa… Tudo e qualquer coisa que tiver em mente.
Ex.: Markus se mudou para Londres: viúvo, ambicioso e rico…
Vida de escritor não vem com manual de instruções e muita gente cai nisso de paraquedas. É normal se sentir perdido (todo dia a Beatriz olha pra parede e pensa o que tá fazendo), desorientado e preocupado com o enredo que se passa 24hrs por dia dentro da sua cabeça. Sim, a gente entende. Muitas coisas ainda são incertas para os alienígenas conhecidos como escritores, mas de uma coisa podemos dizer com certeza: escreva para você. Vá no seu ritmo. Não pense no que outras pessoas podem pensar. A história é sua. O universo é seu. É uma parte de você.
Acima de tudo, a escrita é uma ferramenta para livrar a mente e acalmar o coração. Gabriel e Beatriz desejam toda a sorte do mundo. Vai dar certo!
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